Mineração de Criptomoedas – Manual de Iniciantes
Que Bitcoin (e outras altcoins também) está em alta, isso é uma afirmação que ninguém pode negar. Mas será que dá para fazer a mineração de criptomoedas em casa? Será que é algo lucrativo de ser feito? Como é o processo? Muitas perguntas e nem sempre há uma resposta. Para os interessados nessa prática, separamos algumas explicações que podem ser úteis para quem quer se aventurar na criptolândia.
Para começar, é interessante entender como funciona, de fato, a mineração de criptomoedas. Basicamente, a mineração é o processo de criar uma moeda virtual. No caso do bitcoin, que é uma das mais conhecidas, funciona assim: um minerador, como é chamada a pessoa que está realizando o procedimento, disponibiliza o seu poder computacional em prol dessa criação. Isso significa que, de forma simplificada, ele vai ceder alguns recursos, incluindo tempo, para a resolução de contas matemáticas complexas.
“Na mineração de criptomoedas, você ‘empresta’ o processamento do seu computador para validar registros dentro do banco de dados de transações da moeda. Esse é um processo que evita, por exemplo, que sejam registradas transações inválidas”, exemplifica Filipe Boldo, cofundador da Blockspot Media, empresa de mídia especializada em blockchain e responsável por trazer a Blockspot Conference LATAM para São Paulo. “Na prática, o que o seu computador faz ao minerar criptomoedas é resolver quebra-cabeças lógicos que garantem a integridade das transações entre os utilizadores”, completa.
Uma vez encontrada a resposta para uma conta específica, o minerador registra essa descoberta na chamada blockchain, que é a tecnologia sobre a qual o bitcoin opera. Quando esses dados são colocados na rede, outros mineradores podem conferir se aquilo está correto – em um procedimento que é conhecido como consenso.
Se a maioria dos membros da rede confirmar que, de fato, esse resultado encontrado está correto, há a confirmação e, portanto, a criação de um hash. Cada bitcoin completo é formado por hashes que são, de modo resumido, uma combinação alfanumérica que compõem a moeda. E é assim que os bitcoins nascem. E também é assim que mineradores realizam seus trabalhos e são recompensados por isso – o pagamento, claro, é feito em bitcoins. Ou seja, você fica com os pedacinhos dos bitcoins que ajudou a minerar e poderá usufruir deles posteriormente.
Mas nem tudo são flores…
No início, como a tecnologia ainda estava sendo explorada e suas possibilidades ainda eram um tanto desconhecidas, poucas pessoas realizavam a mineração. Hoje, o cenário é um pouco diferente. “Comecei a minerar em 2014, mas comecei tarde. Nesta época, já não era tão rápido conseguir bitcoins, porque já havia muita gente fazendo o mesmo”, comenta Daniel Maceira, empreendedor e cofundador do Myvillage, um aplicativo para comunicação e relacionamento entre moradores de condomínios, síndicos e administradoras.
Maceira explica que o processo ficou mais desafiador, exatamente porque há mais pessoas interessadas nele. Quanto mais gente, mais difícil tornar o procedimento lucrativo.
“Você é remunerado por resolver os quebra-cabeças de um bloco de transações. Acontece que, quando mais poder computacional há na rede, mais difícil se torna resolver esses quebra-cabeças”, aponta Boldo.
O especialista explica também que, hoje, há concorrentes maiores do que pessoas comuns para brigar pelo seu bitcoin ao sol. “Atualmente, existem plantas industriais construídas em países onde o custo de energia elétrica é menor, projetadas exclusivamente para minerar criptomoedas, chamadas de fazenda de mineração. Essas instalações usam equipamentos especializados e não computadores convencionais, que são muito mais efetivos para esse tipo de tarefa.”
Ou seja, qualquer pessoa poderia minerar em casa sim, se estiver disposta a colocar seu poder computacional para trabalhar para tal finalidade. “Teoricamente, qualquer computador pode fazer o trabalho, até mesmo seu smartphone”, explica Boldo, mas essa prática requer algum estudo, “softwares e hardwares, bem como uma conta em um dos sites que fazem o meio de campo entre a mineração e a geração de um valor de remuneração quando efetivada a transação”, completa Maceira.
Além disso, uma máquina com bom desempenho também seria essencial. Mas, como comenta Maceira, “o processador de um computador potente não tem o desempenho tão bom quanto hardwares específicos [para esse fim]”.
Instalações profissionais, por exemplo, como as citadas por Boldo, costumam utilizar equipamentos diferenciados para realizar o processo, chamados de ASIC. “Além de placas de vídeo poderosas, que fornecem custos-benefícios maiores”, afirma.
Prós e contras
Se ainda assim você tem interesse em minerar dentro da sua casa, saiba que há, claro, a vantagem de “adquirir bitcoins sem, de fato, comprá-los. Isso é, não vai precisar encontrar uma corretora ou pessoa disposta a vendê-los para você”, comenta Boldo.
Mas as desvantagens do processo caseiro podem não compensar. “Esse é um mercado já profissionalizado, os equipamentos que garantem um custo-benefício adequado para obter lucro são caros e é necessário ter acesso a uma fonte de energia elétrica barata para garantir uma operação eficiente”, elenca o executivo. “O resultado de minerar em casa será, de modo geral, uma conta de energia maior que valor ganho na criptomoeda mineirada”, encerra Boldo. Sendo assim, comprar um bitcoin pronto pode ser mais interessante no final das contas.